sábado, 24 de março de 2018

Fauna e flora

O mundo animal e o mundo vegetal apresentam uma variedade incrível de formas de vida. Na condição de humanos, temos em comum com os animais e com os vegetais a vida, em suas fases de nascimento, desenvolvimento, proliferação ou procriação, maturidade e, por último, morte. Além disso, existem características nos animais e nas plantas, que servem para identificar formas de ser e de comportamento humano. Essa identificação pode explicar os inúmeros apelidos que são dados e o uso de expressões, utilizando nomes de bichos e de plantas.

Dentre os bichos, destacamos: a tartaruga, com seu casco duríssimo e seu andar vagaroso; o tamanduá, com seu focinho comprido, sem dentes e com grande habilidade para chupar as formigas de dentro dos cupins; o tatu, que faz sua toca debaixo da terra e se alimenta de raízes, frutas, insetos e mesmo carniça; a ema que, no momento do perigo, esconde a cabeça, deixando seu grande corpo à vista; a girafa, com seu pescoço comprido; a cobra, esperta, traiçoeira e fatal; a baleia, um mamífero com grandes dimensões; a lesma e sua lerdeza; o caracol, com sua casa em espiral e carregada nas costas; o urso, que mata com um abraço “mui amigo”; o veado, tímido, ligeiro e delicado no andar e saltar; o famoso chupim, que põe seus ovos nos ninhos do tico-tico que, sem saber, cria-lhe os filhotes; o caranguejo, que anda para trás; a águia, notável por seu tamanho, vigor e seus altos voos; o camelo, ruminante, com suas duas corcovas e que suporta longas caminhadas pelo deserto, sem precisar comer nem beber; o gato, preguiçoso e acomodado...

No mundo vegetal, o coqueiro, alto e elegante; o chorão, que é uma árvore ornamental, sem folhas e com ramos verdes e que tem um aspecto tristonho; o quiabo, liso como ele só; as parasitas, que se alimentam de outras árvores; o cipó, enrolado e, para finalizar esta resumida seqüência, o abacaxi, que além de ser difícil de ser descascado, faz questão de ter coroa, qualificando a coisa ou a pessoa complicada e que parece fazer questão de dificultar qualquer manuseio.

Fauna e flora fazem parte do meio em que vivemos. A preservação dos animais e do verde é base da sobrevivência do animal-homem em sentido amplo, incluindo o de sua identificação psicológica. 

Postado por José Morelli

sábado, 17 de março de 2018

Hostilidade

A palavra hostil vem do latim e significa agressivo, briguento. Hostilidade é o sentimento de estar contra, de ser inimigo; de estar sendo provocado. É lógico e compreensível que a hostilidade apareça nas atitudes agressivas, irônicas ou provocadoras. Nestes casos, ela se apresenta de forma explícita, clara e sem disfarces.

Acontece, às vezes, de a hostilidade se esconder atrás de atitudes que, aparentemente, não combinam com o espírito belicoso e guerreiro. O esmero da “dona de casa”, que exagera no cuidado pela limpeza e organização da casa, pode esconder uma hostilidade, uma raiva oculta atrás de tanta dedicação e esforço. O desenho de figuras humanas, com boca de palhaço, pode ser a expressão da presença de uma hostilidade reprimida. A dificuldade de demonstrar desagrado, quando o certo seria fazê-lo, leva a pessoa a desenvolver maneiras inadequadas de manifestar suas emoções.

Já é proverbial a história do indivíduo que, ao receber uma violenta pisada bem no lugar em que se encontra seu calo de estimação, no dedinho do pé, ainda pede desculpas a quem o pisou. A hostilidade, disfarçada ou sem disfarces, pode estar presente em casa, no trabalho ou em qualquer outro tipo de relacionamento.

O medo de demonstrar o que sente, verdadeiramente, faz aumentar o cuidado, levando a atitudes mais camufladas e falsas. Toda essa hostilidade não pode ficar represada. Precisa encontrar uma válvula, através da qual possa extravasar. Proibida de se manifestar naturalmente, a raiva vai encontrando outros meios de ter vazão, podendo se transformar numa somatização (gastrite nervosa ou qualquer outra doença), numa fobia, num descontrole nervoso, numa depressão, numa mágoa profunda, num desgosto de viver, num desleixo em se cuidar.

Quando uma criança é tratada com muito rigor, sendo exageradamente reprimida ao manifestar sua agressividade, corre o risco de desenvolver uma hostilidade contida/reprimida. Desde o ambiente familiar, a criança é obrigada a conviver com a hostilidade. Mais ainda quando tiver que enfrentar a vida na sociedade. A boa educação deve preparar a criança para que saiba fazer uso equilibrado dos meios necessários à sua defesa e proteção, para que possa se manter em paz consigo mesma, na infância e no decorrer de toda sua vida.

Postado por José Morelli

sábado, 3 de março de 2018

Amar, amar-se e ser amado (a)

Eis um tripé sobre o qual deve se apoiar a vida afetiva das pessoas. A falta de qualquer um desses apoios desiquilibra a vida, impedindo-a de manter-se em segurança. Para que o ser humano possa crescer com harmonia junto a seus pares, precisa desenvolver, em si mesmo, as capacidades de dar amor aos outros (amar), de devotar amor para consigo (amar-se) e de ter o amor de outros para si (ser amado/a).   A interdependência entre esses amores exige que, para poderem crescer e se desenvolver, eles se ajudem mutuamente, contribuindo uns com os outros.

Uma banqueta de três pés, só pode manter-se firme se tiver seus pés com tamanhos iguais. De maneira semelhante: dar, dar-se e receber amor são necessidades que devem ser satisfeitas a partir de um mínimo de equilíbrio. O empenho, para concretizar esse objetivo de vida, cabe principalmente à pessoa adulta. Na medida em que esta se dá conta da capacidade que tem, para assumir e governar a própria vida tornar-se mais responsável perante si mesma e perante aos outros.

Saber administrar o amor, em suas várias direções é de importância capital para as pessoas em suas individualidades e em suas dimensões sociais. A sociedade também se beneficia do equilíbrio afetivo/emocional de cada um de seus membros. Através de princípios éticos, o amor é proposto a todos. Negligenciar os princípios que norteiam o amor causa prejuízos à saúde física e psicológica das pessoas e dos grupos sociais.

O amor se desdobra de múltiplas formas e em várias direções, seja através de atos que exijam renúncia e abnegação seja através de atos que proporcionem puras satisfações. O saber receber a atenção de outro, por si só, já é uma forma de amar. Para exercitar-se no amor é preciso empenhar a própria inteligência e vontade, bem como os demais dotes do corpo e do espírito. Amar é colocar o melhor das próprias capacidades a serviço da pessoa amada. O exercício desse amor ajuda na superação de preconceitos e contribui para o aprimoramento da vida.

Em nome do “amor”, a humanidade já praticou atrocidades. A lição que ficou da história deveria servir de alerta para que tais injustiças não viessem a se repetir. Infelizmente, parece que o equilíbrio entre as formas de amar ainda está longe de ser alcançado entre as pessoas e os diversos segmentos sociais, mantendo o mundo em constante risco de se autodestruir. Frente a tamanho risco, não há a cada indivíduo outro caminho senão o de que, com afinco, buscar o equilíbrio em amar, amar-se e ser amado (a). 

Postado por José Morelli