sábado, 27 de janeiro de 2018

Aceitação

De si mesmo e da realidade que se encontra à volta. Aceitação não se confunde com acomodação. Muito pelo contrário, entendendo a realidade como efetivamente ela é e não da forma como gostaria que fosse, não se proibir de conquistar novas maneiras de responder aos desafios. Para poder transpor um terreno pantanoso é preciso reconhecê-lo em suas condições reais. Se for necessária a utilização de algum meio que ajude na passagem, é indispensável que a este se recorra: uma tábua, talvez, que possa servir de apoio e sobre a qual se consiga dividir o peso do próprio corpo. Utilizada como apoio para um salto, esta pode permitir chegar ao outro lado do terreno movediço. Retomado o solo firme, é possível continuar o caminho na direção desejada, aumentando a autoconfiança e segurança.

Os acontecimentos são oportunidades que a vida oferece às pessoas, para que estas se descubram a si mesmas: tanto em suas capacidades como em suas limitações, tanto em suas facilidades de encará-los e enfrenta-los como em suas dificuldades. As experiências adquiridas nesse enfrentando permitem-lhes que se construam em suas capacidades, somando novas constatações a respeito de si próprias.

As formas diferenciadas com que se apresentam os terrenos sobre os quais se é necessário pisar, para que se chegue aos lugares almejados, permitem o desvendamento tanto da própria realidade como da realidade do meio externo e das pessoas com as quais são estabelecidos os relacionamentos.

Quem deseja modificar-se em seus modos de responder às demandas da vida, precisa aceitar-se nas condições que possui para enfrentar a tarefa de empreender a própria mudança. Precisa ter a coragem de se ver e de se reconhecer da forma como efetivamente é, coerente com a própria realidade e verdade. Precisa, também, ter objetividade quanto ao que se propõe construir.

A psicologia tem se dedicado a ajudar muita gente a transpor terrenos que apresentam os mais diversos tipos de dificuldades para serem transpostos. Não dá para dizer que a superação dessas dificuldades se dê num passe de mágica. Exige, na verdade, muito esforço e determinação, da mesma forma como acontece àqueles e àquelas que não esmorecem frente à necessidade de transporem perigosos pântanos. 

Postado por José Morelli

sábado, 20 de janeiro de 2018

Conotar

Na medida em que nos apropriamos da linguagem, a fim de podermos expressar melhor a realidade em sua maior abrangência, as palavras (faladas ou escritas) vão ganhando novas conotações e enriquecimento de sentidos, permitindo-nos entendimentos que julgamos deverem ser inseparáveis em suas compreensões e consequentes mobilizações de nossas tomadas de atitudes.

Conotações se estabelecem instantaneamente: é assim que nossa mente funciona. Dentre as alternativas de possibilidades que tenhamos condição de escolher, é preferível que adotemos um pensamento aberto, no sentido de não nos deixar-nos aprisionar por neuroses. O medo é um de nossos piores inimigos, venha ele a partir de nós mesmos ou a partir de agentes externos, que nos influenciam a partir de fora.

Ao ouvirmos certas palavras, imediatamente associamos ideias positivas ou negativas a respeito do que elas representam. Assim como alguns nomes ou palavras exercem sobre nós atração, há outros que nos provocam repulsas. Em tempos de eleições, somos disputados por aqueles que precisam de nosso apoio. Até a adrenalina do nosso corpo é acionada, dependendo das fantasias a que tais pessoas se associam.

De antemão, é importante que não nos iludamos com promessas de soluções definitivas dos problemas. Não é a ausência de problemas que nos garantiria realização pessoal e social. Ao resolvermos uns, outros e outros se sobrevêm não nos dando trégua em tempo algum. Com isso, apesar do incômodo que isso naturalmente nos causa, ampliamos nossas capacidades de compreensão/absorção da realidade em seu todo.


Postado por José Morelli 

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Aprofundar

De “fundo” se constrói a palavra “profundo” bem como o verbo “aprofundar”, que significa descer às camadas inferiores do solo. Ao observar grande parte das plantas conhecidas, percebemos que elas provêm de debaixo da terra. Ao emergirem, o movimento que fazem é no sentido para cima, aflorando e vindo a desenvolver-se ao ponto de darem frutos. As sementes desses frutos cumprem um movimento circular: das que voltam ao solo e se aprofundam neste, brotam novas raízes que dão origem a novas plantas, perfazendo assim sucessivos ciclos de vida.

Linearmente, o novo ano que está começando, nos disponibiliza 365 dias para que neles aproveitemos, da melhor forma, o fato de estarmos existindo. Grande oportunidade que nos é dada de ampliarmos e aprofundarmos nossos conhecimentos e experiências. De igual maneira como somos capazes de saborear os gostos dos alimentos, assim também somos capazes de saborear aquilo tudo que chega à nossa mente, dando-nos consciência de quem somos e de como somos e da realidade, à nossa volta, da qual fazemos parte.

Dois pré-requisitos são necessários para podermos enveredar por esse caminho de autoconstrução horizontal e vertical: amor e humildade, que nos permitam aprender através das oportunidades que a vida oferece, sejam elas entendidas como de pequenas ou de grandes significâncias, advindas de nós mesmos ou de outros com os quais compartilhamos nossos dias, horas, minutos e segundos.

Na medida em que avançamos na profundidade de nossas descobertas, deixamos de ser tão facilmente enganados por proposições egoístas e contrárias aos valores mais condizentes com a dignidade humana; além disso, nos tornarmos capazes de ampliar nossos horizontes de visão do mundo, capacitando-nos assim de contribuir à construção, com os outros, de uma sociedade mais harmônica e respeitadora da liberdade de cada um, sustentável ambiental e economicamente.

Postado por José Morelli