segunda-feira, 15 de maio de 2017

Governo das emoções

Quem as governa?... É você que governa suas emoções ou são suas emoções que governam você?... Costumo brincar, quando vejo certas pessoas levando seus cachorros para um passeio, perguntando-lhes: “quem é que está conduzindo quem...?”. Mal comparando, podemos dizer que as emoções são parecidas com os irracionais. Se eles caminham tranquilamente, sem serem instigados por outros bichos ou por fogos de artifícios barulhentos, até que dá para controla-los; porém, se são instigados, já não dá mais para controla-los: são eles que carregam seus donos para onde eles querem.

As culturas se constituem como aprendizados, maneiras de as sociedades lidarem com suas próprias emoções. A música, a dança, os jogos infantis e os esportes, as palavras com suas expressividades servem como manifestações de tudo aquilo que a mente e o coração transbordam, à semelhança de um copo cheio que recebe mais água do que pode conter. A fluidez da água também pode acenar para algum entendimento quanto às emoções. Estas parecem se comportar com a mesma fluidez, escapando como que pelos vãos dos dedos.

A diferença é que o copo não consegue se modificar pelas tantas vezes que é cheio com água. Já as pessoas, essas sim podem se modificar a partir das experiências que vivencia com os diversos tipos de emoções. Um bonito exemplo de um costume cultural, praticado pelos patriarcas do judaísmo, pode mostrar como as culturas, em suas constituições, contribuíram e contribuem para o aprendizado de controle das emoções. 

Trata-se do costume de, quando o patriarca se percebia perto da morte e, querendo transmitir ao seu filho primogênito as bênçãos de Deus, pedia que este se aproximasse dele e colocasse sua mão debaixo de seu saco escrotal, considerado em sua sacralidade. Dali, dos testículos que se encontram em seu interior, havia saído as sementes que fecundaram os óvulos dos quais nascera o primogênito bem como os demais filhos e filhas. Pai e filho, com esse ritual, satisfaziam a necessidade de elevarem o pensamento numa oração, como também se permitiam sentir, fisicamente, emoções densas de significados, vinculadas à natureza tal como ela é em sua essência de transitoriedade e transmissibilidade.

Postado por José Morelli