sábado, 31 de dezembro de 2016

Meu primeiro computador

Mesmo quem diz que nunca comprou ou ganhou computador na vida, possui este a que estou querendo me referir aqui/agora: trata-se do computador da mente com que cada um de nós vem dotado, desde que fomos engendrados no seio de nossa mãe. Muito antes de o Bill Gates sonhar em existir, os mecanismos de transmissão, armazenamento e processamento de dados (codificação e decodificação) funcionam em mim e em você. O meu e o seu primeiro computador foi e é a mente que possuímos e que se encontra acondicionada, respectivamente, em minha e em sua caixa craniana. 
Portanto, engana-se quem choraminga dizendo que não tem e nunca teve computador.
O sistema de funcionamento desse nosso primeiro computador tem servido como inspiração aos cientistas que vêm pesquisando e aprimorando essas modernas tecnologias, que nós vimos chamando de computadores de primeira, segunda, terceira, ...  última geração. Até alguns dos nomes utilizados nas linguagens cibernéticas são os mesmos que identificam processos mentais de nosso cérebro.

O meu primeiro computador, assim como o seu e dos demais seres humanos, desde que saiu da fábrica, já veio munido de sistemas específicos de comandos. Esses sistemas ou programas se responsabilizam por várias tarefas, tais como: a de fazer com que nosso sangue circule através das veias e artérias; a de fazer com que o ar seja inspirado e expirado, nutrindo nossas células com oxigênio; a de digerir os alimentos retirando deles os nutrientes necessários à nossa subsistência; a de servir à nossa interação com o ambiente externo, mediante, funcionamento dos nossos órgãos dos sentidos: visão, audição, tato, olfato, paladar.   E não acaba aí... sutilezas mil podemos conseguir aprimorando-nos em nossas capacidades básicas de funcionamento.

Hoje, os computadores estão em todos os cantos. Os princípios com os quais eles se constituem estão presentes em inúmeros instrumentos: na medicina; nas aeronaves e automóveis; nos eletrodomésticos; nos aparelhos de televisão e outros. Nosso primeiro computador sempre foi dotado de microcircuitos e de redes compartilhadas, através das quais as informações se conjugam e se complementam.

Postado por José Morelli

Colocar-se no lugar do outro

Esse é um fenômeno comportamental que acontece com relativa frequência. É até mesmo provocado, com exímia eficácia, por teatrólogos e diretores de novelas. Inadvertidamente, os espectadores se vêm envolvidos nas tramas, vivenciadas pelos atores, sentindo intensamente as mesmas emoções dos personagens, magistralmente interpretados por estes.

No faz de conta é assim que funciona. Na vida real, o colocar-se no lugar do outro tem um nome bem apropriado, que é o de EMPATIA. Essa capacidade humana, assim chamada, pode ser provocada por uma aguda sensibilidade e coragem, que permite à pessoa de não só se perceber em suas próprias fundamentações e razões; mas, também, perceber as razões que determinam a resposta emocional do outro. Não se trata de uma mistura de sentimentos difusos. A empatia funciona como um sinal de alerta, que ajuda no discernimento da realidade em sua maior abrangência. Entendida dessa forma, a empatia se constitui como uma virtude ou qualidade humana.

No entanto, se o sentir-se no lugar do outro advém de uma vulnerabilidade, de uma fraqueza de personalidade, esse fenômeno comportamental já não pode ser considerado uma virtude. As sensações se misturam e torna-se difícil à pessoa distingui-las entre si. No lugar de se poder ter um maior governo da situação; o que acontece é um descontrole, uma perda da própria identidade na identidade do outro.  Essa fraqueza é perigosa. Pessoas ardilosas conseguem comover e mover corações, extorquindo ajudas (esmolas) indevidas, mediante chantagens bem ou mal arquitetadas.

Nas discussões, a empatia é fundamental a fim de que estas se tornem produtivas de fato. Sejam em discussões que envolvem indivíduos ou aquelas que envolvem grupos (coletivos), a empatia ajuda no bom entendimento da realidade em sua integralidade. Os apegos a umas ou a outras razões podem ser devidamente desvendados. O que importa não é o ego dos envolvidos nas discussões; mas qual a realidade dos fatos e o que está em jogo de se perder irremediavelmente.

Postado por José Morelli


Susceptibilidade

Susceptível é a pessoa com susceptibilidade. Nossa pele é o maior órgão de nosso corpo. Ela nos envolve dos pés à cabeça. Ela é, também, as fronteiras que nos delimitam com o mundo externo, no qual vivemos e nos movimentamos. Ela é o nosso posto mais avançado, mediadora de todos os nossos contatos físicos. Dentre as peles que revestem os animais, a humana é uma das mais susceptíveis. Por isso, nossa pele é uma das partes do corpo onde as alergias se manifestam em maior quantidade e variedade. Quando queremos nos referir a pessoas que são insensíveis, dizemos que estas parecem não terem pele de gente; mas epiderme de elefante, grossa e intransponível.

No exemplo acima, susceptibilidade é essa disposição do organismo que pode atingi-lo não só na pele; mas em outros órgãos do corpo, tornando-o vulnerável a gripes, ao sereno e a certos medicamentos.  No plano psicológico, o indivíduo susceptível é aquele que facilmente se sente ofendido: um olhar torto, uma palavra interpretada como censura é capaz de derrubá-lo emocional e mesmo corporalmente. O mental e o corporal compõem um todo e se interferem mutuamente.

Fragilidade e susceptibilidade podem se combinar. E ninguém ignora que as crianças pequenas são frágeis e indefesas. Aos adultos cabe a tarefa de protegê-las. Os ambientes familiares são a forma (molde) onde as crianças são forjadas em suas personalidades básicas. É nesse meio que elas assimilam tudo o que lhes é passado. A confiança e a insegurança, a sinceridade e a mentira, a harmonia e a desarmonia, a tolerância e a intolerância formam o clima onde a criança respira dia e noite e tendo que sobreviver.

Toda criança desenvolve mecanismos de defesas naturais. Pela força ou pela fraqueza, a criança precisa desenvolver um mecanismo que a possibilite ter condições mínimas de sobrevivência. O estado emocional acompanha o desenvolvimento físico. O equilíbrio estabelece um critério sobre o que é sadio e o que é doente (doentio). A realidade em seu todo compreende o positivo e o negativo.

As palavras dirigidas - ou não - às crianças, a emotividade experimentada pelos adultos frente às situações batem nos olhos, nos ouvidos e na sensibilidade das crianças. Elas captam e absorvem e respondem de alguma forma. Às vezes mostram externamente o que acontece no íntimo delas, outras vezes trancam-se em si mesmas e sofrem caladas e sozinhas.

Postado por José Morelli

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Transversalidade da psicologia

Uma vez que a psicologia é o estudo do comportamento humano, desde os seus primeiros fundamentos até os seus últimos e superficiais desdobramentos, é procedente que se possa entendê-la como transversal em sua abrangência, perpassando praticamente todas as áreas do conhecimento humano.

Essa transversalidade permite trocas entre os diversos objetos do conhecimento e aqueles ou aquelas que se dedicam em explorá-lo e conquistá-lo. Para quem gosta de pensar de forma concreta e materializada, pode-se dizer que a transversalidade se comporta como uma flecha que é lançada sobre um feixe de retas paralelas, gerando diferentes tipos de ângulos de visão e de compreensão. Portanto, em tudo que se estuda, o viés do olhar psicológico faz agregar subjetividades e de cada subjetividade algo original de quem pesquisa é atribuído àquilo sobre o qual este encaminha sua atenção e dedicação.

Um antigo ensinamento (princípio) da lógica do pensamento ensina que: quanto maior a extensão do conhecimento menor a profundidade e, consequentemente, quanto menor a sua extensão maior a sua profundidade. Daí que, na medida em que as ciências vão ganhando maior amplitude e, consequentemente, se aprofundando, mais e mais disciplinas vão tendo espaço nos diversos cursos oferecidos pelas faculdades. O ser humano (a pessoa humana) não está nem fica fora de nenhuma evolução científico-tecnológica ocorrida no mundo inteiro.

O sentido de transversalidade da psicologia já permitiu grandes aprofundamentos em diversas áreas de conhecimentos. Hoje contamos com importantes especializações tais como: na área clínica, organizacional, educacional, social, jurídica, do esporte, hospitalar, política (o cientista político não pode prescindir do viés aprofundado da psicologia), sem mencionar outras áreas cujos estudos ainda se encontram em fase de construção.

Postado por José Morelli



sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Levar-se à sério

Se eu não me levo à sério, como posso esperar que os outros façam o mesmo comigo?... Levo-me à sério quando me dou valor e importância pelo que sou e pelo que faço, seja considerado grande ou pequeno. Aliás, como diz a sabedoria oriental: um quilômetro é feito de mil passos. Cada um deles tem a sua fundamental importância na construção do objetivo da caminhada, em sua totalidade.

Primeiramente, devo me levar à sério pelo que sou; em seguida, pelo que penso e, por último, pelo que sinto. Essa é uma tarefa que começa em meu juízo e em meu pensamento e que se reflete, instantaneamente, em minhas sensações e sentimentos. Sou quem sou e como sou. Levo-me à sério aceitando-me em minha realidade tal qual é. Levo-me à sério assimilando as experiências que vivo a cada momento. De cada experiência vivenciada sempre alguma nova constatação vem se somar aos meus saberes. Surpresas fazem parte da trajetória: desafios a serem superados e transpostos.

Levo-me à sério nas trocas que estabeleço com os outros em minhas interações. Tais trocas começam dentro de mim. Trago, de mim mesmo e dos outros, imagens mentais que me servem à preparação de como devo agir nas diversas circunstâncias.  Dependendo de como são essas imagens mentais, adoto posturas de ataque ou de defesa, destrutivas ou proativas.

Levo-me à sério nas palavras que pronuncio, nas atitudes que tomo ou deixo de tomar. Cada sílaba pronunciada tem sua devida importância. Cada gesto, por mais simples que seja, não deixa de compor um conjunto expressivo de uma atitude a ser tomada. Nas brincadeiras, o faz de conta é inerente às ações que delas fazem parte. Na vida real, no entanto, é exigido um foco mais preciso, mais objetivo e coerente com a seriedade e veracidade dos fatos e acontecimentos.

Levar-se à sério exige reciprocidade de respeito da parte dos interlocutores. É imensamente nocivo que nos induzam a fim de nos confundirem. Tratando-nos como se fôssemos de faz de conta (de mentirinha), à semelhança do acontece com as novelas, apresentadas como se fossem notícias e com as notícias, apresentadas como se fossem novelas.

Postado por José Morelli