sábado, 20 de agosto de 2016

Corrida por revezamento

Nestes dias, dentre as diversas modalidades esportivas que fazem parte das Olimpíadas Rio 2016, iremos assistir à corrida por revezamento. Sejam na forma 4X100 ou 4X400, no masculino ou no feminino, os atletas que formam as equipes de cada país correrão as suas respectivas parcelas do total do percurso, devendo passar o bastão à mão de um para o outro, a fim de que este possa ser levado e ultrapassar a linha de chegada. 

Trata-se de uma modalidade esportiva de grande poder simbólico. De forma muito clara, a corrida por revezamento pode significar a vida humana em sua ampla realidade: a velocidade com que a vida acontece, principalmente nos dias atuais; a absoluta necessidade da cooperação mútua para que possamos levar adiante os pequenos e grandes projetos de futuro, tanto os pessoais como os da coletividade (equipe) da qual fazemos parte. O bastão, no instante em que ele é passado, pode simbolizar o legado, a herança a ser transmitida. Estas são algumas das correlações simbólicas que podemos depreender da corrida por revezamento.

A comparação vale para representar a transmissão do legado que, nas famílias, pais passam para seus filhos. Pode também representar a transmissão do legado que uma geração inteira passa para a que a segue. É assim a regra do jogo e é fundamental que assim seja cumprida.

Imagina se um dos atletas, no lugar de passar o bastão para o companheiro da própria equipe, o passe para o de outra equipe competidora?!... Este não só levará consigo o bastão da sua equipe como o da equipe que teve o azar de trazer, em seu quadro de componentes, a figura de um elemento que preferiu ou escolheu jogar contra e não a favor da própria equipe: um traidor em síntese.  

Qual seria a memória histórica de um personagem como esse?... Ele deveria ser, por esse mesmo fato, expulso da própria equipe olímpica e, certamente, nem poderia retornar ao seu país de origem. Se no esporte é assim, não poderia ser diferente na vida em sua total abrangência. O bom legado deve ser transmitido aos legítimos herdeiros e não àqueles que não fazem parte da história compartilhada, construída com os esforços de toda uma família, de uma comunidade ou de uma nação inteira.