terça-feira, 28 de outubro de 2014

Exorcizar

Nosso vocabulário também inclui essa palavra, utilizada para expressar a ideia de expulsar o mal. O papel das palavras é o de permitir a comunicação das ideias entre as pessoas.  Semântica é o estudo dos significados das palavras. Nas diversas línguas ou idiomas, as palavras foram sendo formadas pouco a pouco, a partir de contribuições de outras línguas inclusive. O importante era que elas pudessem representar coisas, pessoas, ações, qualidades, orientações, quantidades. Por conta dessa última característica, as palavras, em todos os idiomas, possuem os meios próprios de expressar o mais e o menos, o grande e o pequeno. Em português o grande é expresso pela terminação “ão” e o pequeno pela terminação “inho”. A semântica, portanto, de certa forma, não deixa de ser também matemática, exprimindo quantidades. De igual forma, ela é capaz de expressar a localização geográfica, indicando o para dentro “ingerir” e o para fora “evacuar”, mediante utilização dos prefixos “in” e “e” (provindos do latim).   

No sentido de fazerem as cabeças dos eleitores principalmente, as candidaturas procuraram se enaltecerem em suas qualidades, ao mesmo tempo em que procuraram desqualificar seus antagonistas. Quanto mais pudessem brilhar como salvadores da pátria, os adversários deveriam obscurecer nas trevas em que se encontrariam os piores caminhos futuros a serem seguidos pelo país. A manipulação das mentes se deu em alta escala. A pobreza desse tipo de argumento foi semeada como um vírus mortal. Muitos se deixaram contaminar por esse vírus, partindo para a ignorância e perdendo todo senso, até mesmo o do ridículo. Inventaram mil histórias fantásticas e sem o menor sentido.

A campanha terminou e já nos encontramos em outro momento de nossa história: aquele de juntarmos os cacos produzidos nos calores das paixões. “Dos filhos deste solo és mãe gentil”. Nossa pátria é e deve ser mãe para todos nós. Depois de tantas disseminações de discórdias é fundamental que voltemos à concórdia, à união, ao diálogo. Endeusar-se e demonizar o outro não retrata a realidade humana. O bem e o mal permeiam a todos sem exceção. Ninguém só acerta e ninguém só erra. As direções é que precisam ser bem avaliadas. Os desequilíbrios levam a unilateralidades.

Voltando à palavra exorcizar, é chegado o momento de voltarmos ao nosso senso de objetividade. Situação e oposição devem se completar em seus papéis. Ambos precisam de legitimidade em suas ações. Blindagens contra malfeitos não valem nem para uns nem para outros. Precisamos todos aprender com o processo democrático. Ninguém nos prometeu que esse aprendizado seria fácil. Não podemos nem devemos abdicar de nossas prerrogativas de que todos somos iguais e detentores dos mesmos direitos e obrigações: pobres ou ricos, brancos ou pretos, homens ou mulheres, nordestinos ou sulistas, crianças, jovens, adultos ou velhos - (todos indistintamente).