A ocupação é o envolvimento efetivo com aquilo que o indivíduo está
realizando, enquanto que a pré-ocupação
é o envolvimento mental e emocional do indivíduo naquilo em que ele ainda não
está fazendo ou, como se costuma dizer, “botando
a mão na massa” para fazer. A mente não tem nada de concreto em que possa se
apoiar, divagando de um lado para outro. Fica solta no ar ao sabor dos mais
variados ventos. As ações concretas oferecem possibilidades mais objetivas para
direcionar os pensamentos. Por isso, na pré-ocupação,
a fantasia de cada um pode criar fantasmas que não existem. O desgaste físico e
emocional pode, assim, se tornar até maior do que o do envolvimento com a
tarefa propriamente dita, com o enfrentamento com a realidade nua e crua.
A pré-ocupação se manifesta, principalmente, na expressão facial. O
pensamento se fecha e provoca tensão nos músculos do rosto. O cenho se enruga
na testa e entre as sobrancelhas, formando profundas rugas. O olhar perde seu
brilho. O sangue chega em menor quantidade à flor da pele e esta aparece com
maior palidez. O fato é que o corpo por inteiro participa das pré-ocupações,
solidarizando-se com essa tendência do indivíduo de deixar-se envolver com
aquilo que ainda não pode estar realizando ou lhe acontece efetivamente.
A pré-ocupação se origina da
necessidade de ter controle. A sensação básica de insegurança pode também ser responsável
pela emergência de uma pré-ocupação incontrolável e exagerada. De igual forma,
a presença de uma exigência neurótica de se manter imune a qualquer descontrole
da situação, como se pudesse ter um poder semelhante ao de um deus onipotente,
faz com que se desenvolva a permanência de tensões geradoras de pré-ocupações,
não permitindo que sua alma descanse nem por um instante.
Do mental/emocional, a
pré-ocupação tende a se materializar em alguns tipos de atitudes maníacas, tais
como a de ler e reler bulas de remédios, de maquinar e concretizar idéias que
possam construir atalhos e permitam a chegada mais rápida às coisas e aos
lugares que se encontram mais distantes, quer no tempo como no espaço.
Para que uma pré-ocupação possa
ser sinônimo de responsabilidade é preciso que seja razoável, proporcionando à
pessoa mais vantagens do que prejuízos à sua vida, de forma que ela ainda se
mantenha com relativa qualidade.
Por José Morelli