Os músculos do corpo humano podem
ser comparados a uma armadura, que reflete a personalidade de cada indivíduo.
Crianças que cresceram em ambientes violentos acabam carregando a própria
fisionomia com traços de medo e de agressividade. Não conseguem sorrir com
espontaneidade, mantém a cara sempre fechada e de poucos amigos. O corpo todo
se torna rígido, menos harmônico em seus movimentos: o olhar, a fala, os gestos
se ressentem dessa rigidez. Os músculos formam uma espécie de couraça, que
pode, também, ser chamada de armadura (defesa) do caráter. Cada um desenvolve
sua própria armadura de acordo com suas tendências, uns são mais prontos a se
defenderem através de agressões, outros desenvolvem mecanismos de fuga ou de
retraimento.
Por outro lado, aqueles que se
obrigam a sempre agradar aos outros, mantendo-se com um constante sorriso nos
lábios, mesmo quando o correto seria manifestarem desagrado, mostram com isso
que são rígidos, também. Não conseguem demonstrar os próprios sentimentos de
acordo com o que exige a necessidade. Não querem desagradar aos outros,
desagradando a si próprios. Mostram que não amadureceram da fase infantil.
Sentem medo de romperem o vínculo afetivo com as outras pessoas como se estas
fossem seus pais. Deixam-se levar por fantasias de que o desagrado é destrutivo
das pessoas. Não conseguem encarar a realidade com o que esta tem de bom e de
ruim, respondendo-a de maneira coerentemente adequada.
Os músculos são condicionantes
físicos. Eles funcionam a partir da mente. A história de vida influencia na
maneira como os músculos se comportam. A figura de um guerreiro, revestido de
sua armadura da cabeça aos pés, mostra muito bem o que a musculatura rígida pode
fazer com o corpo de um indivíduo. É verdade que a armadura protege. Mas, é
verdade também que, além de proteger, a armadura dificulta a locomoção. Nas
guerras, como as que existiam antigamente, até que se justificavam tais
armaduras, com as quais os soldados revestiam o próprio corpo. Hoje, elas não
encontram o menor sentido. No cotidiano hodierno da vida das pessoas, estas
precisam mesmo é de muita agilidade, de muita flexibilidade, espontaneidade,
rapidez nos movimentos corporais e nos pensamentos. Precisam perder o medo de
lidar com a própria realidade de vida. Só assim, conseguem desenvolver suas
múltiplas capacidades, encontrando formas harmoniosas de viver e de conviver, com
coragem e criatividade para corresponderem aos múltiplos desafios, exigidos pelos
circunstâncias que as envolve.
Por José Morelli