sexta-feira, 25 de abril de 2014

Gol


No futebol, gol é bola passar a linha das traves em direção ao fundo da rede. Um gol pode ser justa ou injustamente validado ou anulado pelo juiz. A diferença de um único gol pode dar a vitória a um jogo ou mesmo a um campeonato. Por ele consagra-se o vencedor. E essa consagração pode durar alguns dias, alguns meses, um ano, quatro anos, como no caso das Copas do Mundo. A vitória legítima atesta o valor do jogador e do time, faz reconhecida sua superioridade seja ela por capacidade comprovada, esperteza, organização, sentido de equipe, garra ou simplesmente mera sorte. O gol massageia, reforça o “eu” de quem o marca, de quem dá o passe, de todo um time e de sua torcida. Existe gol de bola em movimento, de falta, de pênalti, de impedimento. Triste é perder gol-feito. Mais triste, ainda, é marcar gol-contra.

Na vida, como no futebol, podemos marcar poucos ou muitos gols. Isto é: realizarmos nossos intentos, mostrando-nos no que somos e no que temos capacidade de conquistar. Podemos, também, colaborar com os outros ao realizarem seus desejos. Nossos gols podem ser sentidos como vitória por e para outros, assim como podem, os gols de outros, serem sentidos como vitória por e para nós.

Na vida, os campos em que marcamos gols podem ser muitos: o campo profissional, familiar, social, político e outros. Nossos desejos realizados podem ser considerados gols de placa, inteiramente merecedores de serem comemorados. Pode acontecer de conquistarmos nossos desejos em posição de impedimento, o que nos deveria fazer sentir menos satisfação. A oportunidade de marcarmos gols pode vir por falha dos outros ou em decorrência de um castigo imposto aos outros por conta de alguma regra infringida. Dependerá de nós sabermos aproveitar ou não a oportunidade.


Acontece, às vezes, de perdermos chances incríveis de marcarmos gols-feitos. Tendo vencido o goleiro e estando na cara do gol, desperdiçamos a oportunidade chutando a bola pela linha de fundo. Acidentalmente ou por alguma razão que não encontramos explicação, pode acontecer de marcarmos até mesmo gol-contra. Isso acontece quando agimos de forma contrária àquilo que nos propúnhamos realizar, afastando-nos de nosso objetivo. Facilitamos que outros cheguem antes de nós ao que almejávamos. Com isso, não nos resta outro sabor senão aquele amargo da insatisfação.

Por José Morelli

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Manifestar as emoções

As emoções podem ser manifestadas, contidas ou reprimidas. É próprio das emoções manifestarem-se através de reações corporais. O rubor facial pode denunciar a presença de um medo, de uma vergonha, de um entabulamento, de uma raiva, de uma alegria,...
Razão e emoção nem sempre se harmonizam entre si. Ocorre, às vezes, de o aparecimento de uma  emoção conflitar com o que dita a razão. Esta a entende como inconveniente, inapropriada, inadequada ao lugar ou ao momento. Um exemplo, é o preconceito de que homem que é homem não chora. Quem já não ouviu ser dito a um menino, que está chorando: “Não chore, você não é homem?...”

Pode-se considerar dois tipos de emoções: aquelas que traduzem força e aquelas que traduzem fraqueza. A sociedade costuma reprimir as emoções, principalmente, quando manifestadas com muita intensidade. Uma demonstração de ódio, de agressividade, de tristeza ou de desespero intenso pode ameaçar a estabilidade ou tranquilidade/conforto do ambiente, fazendo-o temer que a situação se torne impossível de ser controlada.

É também tarefa da educação condicionar os educandos para que se controlem, frente aos seus impulsos emotivos. Os excessos, por parte de pais e de educadores, ao reprimirem crianças e adolescentes, para que se contenham, podem provocar-lhes distorções em seu desenvolvimento, impedindo de que aprendam a lidar com suas emoções, de forma mais equilibrada e sadia.

Uma repressão excessiva e indiscriminada das emoções pode levar as crianças a se tornarem inseguras, dificultando-lhes de que consigam administrar bem suas energias internas, podendo ocasionar-lhes, também, comprometimentos de sua saúde física, mental e emocional.


Razão e emoção não precisam, necessariamente, ser entendidas como em constante conflito uma com a outra, não podendo se harmonizar. A boa compreensão destas duas capacidades humanas contribui para o bom equilíbrio dos indivíduos, em seus relacionamentos interpessoais e com o mundo que os cerca, tornando-os mais produtivos em suas vidas e mais felizes.

Por José Morelli 

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Dor de ansiedade

A ansiedade dói?... Talvez não seja propriamente dor o que ela provoque, mas alguma coisa parecida com isso. O certo é que ela incomoda, perturba, causa uma espécie de inquietação interior e até mesmo de certo desconforto físico.  A ansiedade sequestra o pensamento e a emoção. As demandas viram manifestação de rua reclamando prioridade na atenção e no empenho de serem atendidas. A ansiedade é uma auto cobrança no desempenho próprio de, incondicionalmente, ter que ser bom, mal ou mediano, perfeito, imperfeito ou, apenas, meia boca em tudo que faz, pensa e sente.  

Aprender a conviver com a própria tendência de sentir a vida com ansiedade é a sina de quem nasce com esse defeito de fabricação. Pode ser também que essa tendência tenha sido contraída congenitamente no seio materno ou, ainda, por influências recebidas na fase de formação da personalidade, nos cinco primeiros anos de vida. A verdade é que, em toda uma vida, não é nada fácil administrar a própria ansiedade, otimizando suas vantagens e minimizando suas desvantagens.

Mesmo que não deixe de ser uma energia que pode impulsionar para frente, pela intensidade com que ela se impõe, é comum que mais atrapalhe do que ajude. Quantas vezes, ela não acaba estragando tudo na hora decisiva, aquela em que a bola só precisa de um pequeno desvio para que atravesse a linha do gol.

Ansiedade circunstancial ou situacional faz parte do processo normal de qualquer vida humana, ainda mais num mundo apressado como é o do nosso estágio atual de humanidade. Na verdade, sensações de ansiedade desse tipo pode ser sentida não como dor, mas como uma excitação capaz de roubar horas de sono ou de criar um frenesi até gostoso quando da chegada ao local onde um megashow do ídolo está prestes a começar.


Por fim, aquele tipo de ansiedade que permanece como um ruído contínuo, incapaz de dar um minuto de sossego, este sim merece atenções especiais. Para que o portador (a) desse tipo de ansiedade consiga lidar melhor consigo mesmo (a), é preciso que se reconheça em sua verdade, sem ignorar o mal que tem, desmitificando-o em seu poder; porém, reconhecendo-se também suficiente para enfrentá-lo e suplantá-lo.  

Por José Morelli

Aquilatar-se

Este verbo vem do substantivo “quilate”, palavra muito utilizada para dimensionar a quantidade de ouro, relativamente a outros elementos com os quais este é misturado, a fim de ganhar maior liga. São mais conhecidos os ouros com 24 (mais puro), 21 e 18 quilates, adequados à confecção de jóias.

O ouro é um metal relativamente raro, o que lhe garante excelente valorização no mercado de trocas comerciais. Por suas qualidades, o ouro serve a muitos fins nobres, dentre eles o de servir à cunhagem de moedas e o de, em muitos países, servir como padrão monetário. A cotação do ouro é divulgada nos noticiários diariamente.  

Aquilatar-se é o mesmo que avaliar-se ou considerar-se naquilo que se constitui como melhor: inteligência, força de vontade, sensibilidade, criatividade, dons corporais, etc. Cada personalidade possui seu ponto forte e seu ponto fraco. Da soma das diversas personalidades, a raça humana se torna capaz de equacionar a maior parte de seus desafios pessoais, sociais e ambientais. Sozinho, o indivíduo não é capaz de se resolver até mesmo no mínimo de suas necessidades básicas fundamentais.

Para poder se aquilatar ou se avaliar, sempre alguma comparação é preciso. Só mediante o estabelecimento de trocas constantes é que o ser humano se desenvolve em suas capacidades. Nenhum homem é uma ilha isolada no meio do oceano. Da mesma forma como um atleta só consegue se aprimorar competindo com outros da mesma modalidade esportiva, assim também, cada indivíduo se constrói a partir das interações que realiza com o meio em que vive e com as pessoas com que se relaciona.


O ouro, para ser depurado de suas impurezas, precisa ser aquecido em alta temperatura no cadinho (espiriteira especial que serve a esse fim). Os seres humanos, também, para se desenvolverem em suas capacidades e se aquilatarem em sua importância, precisam se submeter ao teste de fogo dos relacionamentos interpessoais no meio em que vivem.

Por José Morelli