sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Uma viagem incrível

Desde o momento em que passamos a ocupar um lugarzinho especial no seio de nossa mãe, demos início a uma incrível viagem pelo imenso espaço sideral. Ainda não conhecíamos a luz do dia. Passado o período de gestação, ganhamos novo lugar sob a luz solar, junto a nossos pais e familiares e aos demais humanos e viventes dos cinco continentes do mundo. Nosso planeta Terra pode ser comparado a uma imensa aeronave. Cada volta que completa em torno do Sol tem a duração de um ano (365 dias e 6 horas). 

Enquanto perfaz seu caminho, a Terra gira em torno de si mesma, num movimento conhecido como de rotação. Quando o lado em que nos encontramos de nossa nave se encontra voltado para o Sol, vislumbramos o céu claro e azul de horizonte a horizonte. Quando nossa nave se encontra voltada para o lado oposto ao do Sol, temos a possibilidade de vislumbrar os inúmeros outros astros e estrelas em suas respectivas constelações ou nebulosas.

Além da trajetória em volta do Sol, o conjunto de astros que compõem o sistema solar, percorre outros espaços siderais. A curiosidade dos astrônomos, cada vez mais equipados com instrumentais mais potentes, quase que diariamente traz novidades fotografadas de lugares ainda não tão bem conhecidos. Uma amplitude que não para de aumentar e, da qual, todos participamos de alguma forma, modificando-nos direta ou indiretamente em nossas maneiras de pensar e de sentir.

As viagens possíveis de serem feitas de um país para outro, de um continente para outro, transpondo mares e oceanos, não se comparam com essa incrível viagem, na qual a aeronave é o nosso próprio planeta. Engana-se, portanto, quem diz que nunca fez uma grande viagem. Todos nós viventes, sem exceção, viajamos ininterruptamente. Nossa nave é muitíssimo mais sofisticada do que os melhores aviões das maiores empresas aéreas existentes em todo mundo.

O micro e o máximo não nos são acessíveis sem o uso de instrumentos especiais. O reconhecimento da coexistência destes como partes de nossa realidade de vida, nos inspiram a voarmos em nossas imaginações e fantasias.

Por José Morelli

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

“Torcer o nariz”

A resposta não é dada verbalmente; mas apenas com o gesto de “torcer o nariz” para um dos lados, às vezes acompanhado de uma espécie de grunhido. Através desse gesto instantâneo se pode expressar o desagrado frente a alguma coisa, pessoa ou situação. As expressões de entendimentos e de sentimentos (indicativas de estados emocionais) podem se apresentar por meio de gestos: alguns mais outros menos sutis na expressão de suas mensagens.

Palavras possuem sentidos mais claros e precisos. A mímica facial e gestual se constitui como forma de expressão que antecede a da comunicação pela fala, mais socializada e racionalizada. Quando se juntam palavras e gestos, estas junções podem ou não apresentar, entre si, certa coerência de sentidos.
Palavras e gestos se constituem como códigos de comunicação. Independentemente do idioma falado, muitos gestos podem ser entendidos universalmente, em qualquer parte do mundo.

O nariz está associado diretamente à sua função específica que é a de sentir os cheiros. É a única via no corpo humano, através da qual, os odores são captados e seus efeitos transmitidos ao córtex cerebral. O cérebro decodifica os cheiros, classificando-os como agradáveis ou desagradáveis, desejáveis ou indesejáveis.

Quem se julga sempre melhor do que tudo e todos à sua volta, tende a manifestar-se com desdém, torcendo o nariz constantemente. Parece que não consegue reagir de outra forma, um eterno descontente. Quem consegue ter de si um conceito objetivo, reconhecendo-se em seus aspectos positivos e negativos, tendo também para com os outros e para com o mundo essa mesma forma de ver e de julgar, não deixa de torcer o nariz eventualmente, mas o faz sem contaminações de juízos tendenciosos e preconceituosos. É livre para gostar ou não gostar. É livre para ter esperança em si mesmo e nos outros e, consequentemente, na vida em suas partes e em seu todo. 

E, só para lançar um desafio à imaginação, aqui vai uma pergunta, que acabou de surgir em minha mente: Quantos sentidos poderiam ser atribuídos aos beijos, com os narizes, praticados pelos povos esquimós?!

Por José Morelli

“Sair da casca”

As cascas, que envolvem a maior parte dos frutos existentes nas diversas espécies de plantas e árvores, se assemelham às embalagens que a natureza, em sua sabedoria, projetou e concretizou. Até que amadureçam, os frutos precisam da proteção de suas cascas. Para que a água e a polpa do coco sejam extraídas é preciso furar e/ou quebrar a casca do fruto.

Diferentemente das embalagens industriais, as produzidas pela natureza não degradam o ambiente. Estas, pelo contrário, até passam a servir como excelentes fertilizantes da terra, ajudando para que outras plantas possam continuar a se desenvolver e a produzir novos frutos.  A necessidade das cascas perdura por um determinado tempo. Quando os frutos amadurecem, é imprescindível que saiam naturalmente ou sejam retirados de suas cascas, a fim de que possam cumprir o papel para o qual foram destinados, que é o de servir ao sustento de animais e de pessoas.

Os seres humanos também, de forma comparativa, constroem proteções (cascas) nos seus juízos e sentimentos. Em dados momentos, essas cascas são necessárias. Porém, na medida em que vai se dando o amadurecimento de cada indivíduo, aquilo que era proteção necessária passa a ser impedimento ao desenvolvimento pleno.

Os perigos que envolvem a vida humana podem ser reais ou imaginários. Os mecanismos que a mente idealiza para se proteger dos perigos (internos ou internos) ora são reais e legítimos ora não encontram justificativas. De maneira subconsciente, a mente se utiliza de mecanismos de defesa para evitar que se exponha a sofrimentos. O desvendamento desses mecanismos, juntado à coragem de enfrentá-los, se constituem como forma de quebra e de saída da própria casca.

A castanha é um fruto bastante apreciado por seu sabor e qualidades nutricionais. Para poder servir ao consumo; no entanto, é preciso retirá-la de sua casca, tarefa nada fácil. A casca da castanha é envolvida por duros espinhos. Para não se machucar, é preciso quebrá-la com algum instrumento: um pedaço de pau ou martelo. A tarefa de quebrar a própria casca do eu e sair dela pode ser comparada à retirada da casca da castanha. Além da vontade firme é preciso boa dose de coragem e determinação na constante busca do autoconhecimento e do auto-redirecionamento. 

Por José Morelli

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Aprimorar-se

Aperfeiçoar-se, melhorar-se. O viver é uma chance, uma oportunidade para o aprimoramento dos seres humanos. De duas, uma: ou nos aproveitamos das possibilidades que a vida nos proporciona para crescermos em nossa maneira de ser e de agir, ou deixamos de aproveitar essas oportunidades, mantendo-nos como sempre nos entendemos que fomos ou somos, não aceitando modificações que nos ajudem a melhorar-nos. “Eu nasci assim, e vou morrer assim”, quem não fez ou não ouviu uma afirmação como essa?

Mudanças radicais na personalidade destruiriam a própria identidade. Se o indivíduo não é ele mesmo, quem ele é?... Cópia de algum outro?! Aquilo que é da natureza profunda de cada ser humano permanece como uma marca registrada, como uma qualidade ou um defeito de fabricação. No entanto, essas qualidades, com inteligência e boa vontade, podem ser dinamizadas e, os defeitos, podem ser minimizados ou contornados.

A tarefa de aprimorar-se é sempre acompanhada de altos e baixos. Há situações em que se dá passos à frente e há situações em que se dá passos para trás. Isso faz parte do processo. Nem sempre se pode cantar vitória. Tudo, porém, serve ao aprendizado e ao aprimoramento. Importante é entender que os acontecimentos da vida são como lições a serem aprendidas.

Nossa base é a adesão que temos conosco mesmos. O aceitar-se não significa passividade. A interação com o tempo e o espaço e com os demais seres viventes, naturalmente, possibilita o desenvolvimento de um processo de evolução e de aprimoramento do ser, de suas estruturas físicas e psicológicas. Os psicólogos humanistas falam de uma força propulsora, existente dentro de cada indivíduo, força que impulsiona no sentido daquilo que é saudável, daquilo que é bom e contribui para o desenvolvimento e para a saúde, em sentido amplo.  

Recomendar a alguém que se aprimore é pedir muito, algo acima de suas capacidades? Nos momentos de paixão e de raiva em que o “eu” precisa encontrar justificativas de seus posicionamentos, pode parecer pedir muito. Nos momentos em que se está com a cabeça fresca, no entanto, qualquer um de nós pode entender a importância do aprimoramento pessoal para o próprio desenvolvimento e realização.  

Por José Morelli