terça-feira, 21 de agosto de 2012

Voz e Vez

O direito constitucional de cada cidadão de se expressar e de ter oportunidade na vida.  Voz e vez. A vez pela voz: voz falada; sussurrada; esbravejada, não importa de qual forma seja. Manifestação da inteligência, das emoções e dos sentimentos humanos mais profundos. Voz e vez do ser na totalidade do corpo e do espírito, penetrando e deixando permear-se pela atmosfera circundante, na ânsia legítima de compartilhar do que é indispensável ao bem viver e dos progressos e conquistas tecnológicas e culturais dos seres humanos, usufruindo-os e podendo se complementar com os mesmos em justa medida.

Pela voz a vez. Vez de poder ocupar e de poder trocar com o espaço físico e psicológico, respirando o ar puro e movimentando-se em todos os sentidos, no exercício pleno do direito de ir e de vir, com liberdade e espontaneamente.

“Quem cala consente” - diz o provérbio. Televisão é comunicação de massa. Telespectador é multidão anônima, necessitada e carente de lazer e de descanso, que pouco ou quase nada contesta e discute idéias. Raramente o espectador é convidado a emitir a própria opinião. Só é instado a responder a questões de mínima importância e, mesmo assim, de forma limitada a um número restrito de alternativas. Cidadão que se omite de manifestar-se falando desconhece o poder da própria voz. Com isso, deixa o espaço livre para aqueles que já se habituaram a ter sempre vez e não são mais capazes de abrir mão do poder que esse ter lhes costuma proporcionar. O problema se torna ainda mais grave quando essa passividade se generaliza, alastrando-se para outros campos da vida dos cidadãos e cidadãs.

A vez é como o ar indispensável à vida da sociedade e do indivíduo. No relacionamento respeitoso entre este e a instituição ocorre o desenvolvimento harmônico do todo. Quando o direito à voz e à vez é negado ou coibido o progresso humano fica sacrificado. Perdas irreparáveis acontecem. A doença prevalece sobre a saúde, o corpo e o espírito embrutecem. A dignidade e o amor próprio perdem a vez.

Por José Morelli

Nenhum comentário:

Postar um comentário